30 de março de 2011

Histórias fora de tempo

Os filmes ou livros que envolvam viagens no tempo ou universos temporais diferentes daqueles em que são produzidos normalmente são vistos como um produto menor, culturalmente pouco erudito. No entanto este género tem trazido obras de grande interesse e imaginação. Recentemente dois títulos chamaram a minha atenção: O filme ‘Inglorious Bastards’ e o livro ‘Barroco Tropical’ do angolano José Eduardo Agualusa. No primeiro, a fuga ao espartilho do relato fiel aos acontecimentos históricos, num filme de época, permitiu a Tarantino a liberdade de abandalhar completamente a questão, que acho que era o seu principal objetivo. O segundo, passado na Luanda do futuro próximo (daqui a 10 anos) é uma belíssima e inteligente sátira do mundo contemporâneo (aquilo que ele é e que está para ser) independentemente de se centrar na realidade angolana.
Fugir ao contexto em que vivemos que conhecemos (temporal, físico e humano) permite-nos olhar para ele com uma visão menos apaixonada e portanto com um sentido crítico mais apurado. De certa forma, ao vermos criticada diretamente a sociedade do nosso tempo, as personagens que conhecemos (e pelas quais temos, quer queiramos quer não, simpatia ou ódio) num espaço físico que é o nosso sentimo-nos também nós criticados ou ridicularizados. Ao fugir do nosso contexto ficamos mais abertos às críticas, até porque os paralelismos entre o nosso mundo e um mundo ficcionado podem pôr-nos um sorriso na cara. Na trilogia ‘Regresso ao futuro’ não deixa de ser engraçada a cena em que o cientista louco, exilado no faroeste de finais do séc. XIX, tenta convencer os cowboys da época de que em menos de 100 anos o homem iria à lua e de que correria simplesmente por prazer e não porque tivesse de fugir de alguma coisa. Também a cena em que Marty McFly (para quem nunca viu os filmes é o herói) cai no ridículo ao explicar, em 1955, que o presidente dos EUA 30 anos depois seria Ronald Reagan (em 1955 Reagan era um simples ator) mostra como aquilo que é uma realidade hoje pode ser completamente fora de sentido ontem ou amanhã.
Dentro deste estilo há um filme que eu não consigo deixar de ver, sempre que apanho na televisão: ‘Homem demolidor’ (‘Demolition man’ no seu título original). Apesar de ser um banhadão à inicio dos anos 90 (o filme é de 1993) de porrada, protagonizado por Silvester Stallone e Wesley Snipes e passado 2032, o filme é uma deliciosa sátira que me arranca gargalhadas do princípio ao fim. Das várias cenas que são vagamente proféticas decidi realçar a do vídeo que publico anexo a este texto. Nesta cena os grandes sucessos das rádios de 2032 seriam os jingles publicitários do séc. XX, pelas melodias engraçadas e que ficam facilmente no ouvido. Se olharmos para os dias de hoje já não estamos tão longe assim dessa realidade parodiada. Os links anexos são referentes a 2 dos muitos blogues que existem sobre anúncios, jingles, aberturas de desenhos animados e outros programas de tv antigos, que cristalizam uma cultura saudosista assente em duas vertentes: ver os anúncios, jingles e músicas da nossa infância porque eles trazem-nos nostalgia de um tempo que vivemos mas já passou. Ver anúncios e jingles do passado simplesmente porque são engraçados e transmitem uma sensação de ingenuidade por comparação com os dias de hoje. Este segundo caso efetivamente corresponde à figura parodiada no video anexo.
Será que o futuro é , como defende uma personagem deste ‘Demolition man’, “a 47-year-old virgin sitting around in his beige pajamas, drinking a banana-broccoli shake, singing "I'm an Oscar Meyer Wiener"”?


http://nostalgia.kazulo.pt/2551/anuncios-tv.htm
http://velhosanuncios.blogspot.com/

Por Rocha

27 de março de 2011

3 - "Faça você mesmo"

A partir de dois desenhos feitos no interior de um saco rasgado da fnac, transportá-los para um calendário de cartão sem uso.
Os dois desenhos partiram de duas frases: "Beber quem quero" (de uma música que me lembrei dos Donna Maria) e outra frase "Requer alguma disciplina".




Por Sérgio Coutinho

21 de março de 2011

Do bloco de notas de Rudy O’Mark no dia 17 de Fevereiro de dois mil e onze

A minha Mãe costuma dizer que a calma é uma virtude e que quem espera sempre alcança. A minha Mãe nunca foi muito boa para dar conselhos e sugestões. É demasiado trapalhona. O meu Pai não é nada trapalhão e ri-se muito quando a minha Mãe se atrapalha. A minha Mãe às vezes também se ri dela própria, mas outras vezes esconde a cara. A minha Mãe gosta muito do meu Pai e não quer que ele veja que ela está irritada com as gargalhadas parvas que ele solta na sala de estar. É muito fácil reparar nisso quando acontece mas o meu Pai nunca se apercebeu de que estava a ser um violento atrasado mental. Não quer dizer que o meu Pai não goste da minha Mãe, nada disso. Simplesmente quer dizer que escondem mais um do outro do que aquilo que deviam. A minha Mãe tem muita calma.
Quem me dera ter saído a ela.
É que não tenho tido calma absolutamente nenhuma.
Nicles de calma.
Ontem fui a casa da Marge e toquei à porta e ela não me abriu e disse-me por detrás que eu não era bem-vindo. Não percebi e voltei a bater. Ninguém me respondeu. Como não acontecia nada e não parecia que fosse acontecer nos tempos mais próximos resolvi descer, andar uns quinze minutos e ir ao Doctor’s. Pedi uma cerveja e sentei-me, estava a dar um jogo de rugby senão me engano.
Tenho esta terrível mania de colocar as coisas no seu devido lugar para que não se percam. Sou estupidamente arrumadinho com a minha cabeça.
Não sei a quem saí nisso. Talvez ao meu Avô. Talvez.
A Marge não me deixou entrar em casa.
Não percebo as mulheres. O Tom também não e não tem medo de lhes dizer na cara. Uma vez virou-se para uma loira completamente maquilhada que o roçou enquanto ele fumava em Cowgate e disse-lhe: Não vos percebo. A miúda foi-se embora e chamou-o “maricas”. O Tom riu-se. Passado um bocado pregou uma rasteira a uma outra miúda, morena e pequena, que tinha uns saltos altos enormes, e foi para casa dela. Contou-me como é que tudo tinha sido: como lhe tinha tirado o vestido e como é que ela se fez a ele. Os pormenores eram sórdidos. No final ela disse que nunca mais o quereria ver e que, caso algum dia se cruzassem na rua, ela iria esmurrá-lo. Ele conta que sorriu e saiu sem dizer nada. Passado uma semana estava lá outra vez e ela voltou a repetir tudo no fim, mas desta vez juntou ao murro um valente pontapé nos tomates. O Tom perguntou-me se devia ir a casa dela uma terceira vez. Eu disse-lhe que a partir da terceira era uma rotina. Ele sorriu. Disse que gostava de rotinas. Não sei se ele foi lá ou não, mas é bem provável que sim. O Tom tem tomates a valer.
A senhora Green disse que eu não devia tê-lo como amigo, que era um daqueles tipos que me levaria à ruína. Disse-lhe que exagerava, que era mentira, porque as ruínas são certas para todos e não para alguns. Só quando fechei a porta é que percebi a brutalidade do que tinha acabado de proferir e voltei para trás a correr para lhe pedir desculpa. Ela olhou-me, muito zangada, e disse que eu devia deixar de ver o Tom. Eu pedi-lhe desculpa e disse que desligava a aparelhagem antes de ir dormir. Ela fechou-me a porta. Não desliguei a aparelhagem.
Gostava de ter tomates a valer mas sou demasiado assustado para levar o bem avante.
Ao menos a Marge podia dar-me uma oportunidade. Não lhe fazia mal nenhum.
Acho que ela está com inveja. Sim, inveja. Só pode ser isso.
Tinha dito à Tracy que ela não podia sorrir tanto, porque quem a visse ficaria com uma inveja tremenda e iria começar a odiá-la. Ela deu-me um estalo e sorriu. Disse que estava feliz e que se estava a cagar para o que quer que o mundo achasse da cara dela. Disse-lhe que é uma coisa bonita, o facto de não nos importarmos com o que os outros pensam. Depois ela perguntou-me se eu me importava com o que é que os outros pensavam de mim. Disse-lhe que não, mas também lhe disse que não era uma pessoa bonita. Ela beijou-me e disse que lá em casa todos diziam que eu era um génio que faria alguma coisa importante no futuro, e que de noite faziam-se apostas sobre qual o evento que eu provocaria e que ficaria na história. Ela também me contou que existe um boião por cima do armário da cozinha cheio de notas de cinco libras. As apostas estão todas num papel quadriculado dobrado em quatro, escritas a caneta de feltor cor-de-rosa. Se não fosse pela precisão da declaração eu diria que a Tracy estava a gozar comigo. Ontem, se a Marge me tivesse deixado entrar, ia directo à cozinha ver se era verdade.
Porque é que a Marge não me deixou entrar? Será inveja ou será que fiz alguma coisa de mal?
Não sei, não percebo. Não percebo as mulheres.
Reparei agora que escrevi “morena e pequena”. É uma boa expressão. Ainda me saem destas de vez em quando.
A Tracy não me está a atender o telefone. É nestas alturas que gostava de ter computador e mandar um e-mail directo. Comunicações directas. Fazem-me espécie. Se calhar tenho medo de ser directo. Não. É algo diferente. Não sei explicar. Só sei que ela não me liga meia.
Passaram-se quase quarenta e oito horas e ela não me disse nada.
Nada de nada.
Devo ter feito alguma coisa de mal. De certeza. Mas o quê?
Ela estava bem. Lembro-me da cara dela, estava mesmo bem. Sorria, abria os olhos, mandava piadas. E agarrava-me com força. Tanta força. Estava tudo bem, sim. Tinha de estar, não havia outra hipótese. Então porquê este silêncio? Porquê a raiva da Marge? Alguma coisa aconteceu desde que nos separámos à porta de casa e seguimos os nossos caminhos. Mas o quê?
Gostava de ser detective. A senhora Green disse-me uma vez que foi casada com um detective escocês e que ele morreu enquanto investigava uma suposta infecção de carne picada nos refeitórios das escolas públicas em Dundee. Disse-me que depois disso não comeu carne durante dois anos e ainda hoje recomenda as amigas a porem os filhos em escolas privadas.
Vou ligar à Tracy mais uma vez, a ver se percebo o que se passa. Se ela não me atender fico a ouvir um disco. Acho que é disso que preciso.

por Martinho

19 de março de 2011

Dia do Pai - por João da Ega

Por esta ocasião,
Celebramos com alegria
Quem sempre nos deu a mão
E merece, sem discussão,
Ter o seu próprio dia.

E devendo ser festejado
Porquê nesta data, afinal?
Terá algum significado
O dia ser celebrado
A 9 meses do Natal?

A todos os potenciais pais
Deixo um apelo decisivo:
Relações sexuais,
Sem filhos acidentais,
Só com contraceptivo!

14 de março de 2011

2 - "Faça você mesmo"

Eis o segundo exercício dos 4 que me propus realizar para estimular a criatividade.
Tratam-se de quatro desenhos feitos no diário gráfico.

Passos:
1º Desenho: Desenhar qualquer coisa que venha à cabeça;
2º Desenho: Na página seguinte usar elementos do primeiro desenho, acrescentar novos, mudar o material de trabalho, tentar uma nova estética;
3º Desenho: é realizado nas costas do 2ºdesenho, logo aproveita alguns traços perdidos que passam para a nova folha. Mudar também o material;
4º Desenho: Seguir o mesmo passo do 2º desenho.

Este processo pode continuar por todo o diário gráfico.



Por Sérgio

7 de março de 2011

Poema Carnavalesco - por João da Ega

Seguimos diariamente,
O que a sociedade nos diz.
Não se ousa ser diferente,
Não se brinca, nem consente,
Que sejamos infantis.

E talvez fiquem admirados,
Mas não haja nenhum engano:
Em fatos apertados,
Andamos mascarados
Todos os dias do ano.

Deixo então esta mensagem,
Aos mascarados do dia-a-dia:
No Carnaval, ganhem coragem,
Encarnem uma personagem,
Realizem uma fantasia!

6 de março de 2011

1 - "Faça você mesmo"

"Faça você mesmo" é o título para 4 exercícios práticos. São exercícios com passos para estimular a criatividade, a ver vamos se consigo fazer os 4 - os exercícios saem semanalmente este mês.

Eis o primeiro: Construir uma Mala-produtora-de-obras








Por Sérgio

5 de março de 2011

"Tripé Coxo" - Ah seu granda animal! (duas partes)

Este é primeiro de 4 programas que deviam ter saído em Dezembro. Com estes 4 programas termina a primeira temporada do "Tripé Coxo". Pedimos desculpa, mas só puderam sair agora. Esperemos que apreciem.



2 de março de 2011

Do bloco de notas de Rudy O’Mark no dia 5 de Fevereiro de dois mil e onze - Martinho

            Vou escrever uma coisa que nunca tinha escrito antes. Não sei se me sinto confortável com o facto. É difícil. Um dia acordamos e somos tomados pela evidência. A evidência quando acontece é muito forte. Para além de forte, a evidência é difícil O que é que não é difícil nos dias de hoje? Não é desculpa. Vou escrever e pronto. Isto não é nada mais do que uma folha e o que tenho é uma caneta de tinta preta. A tinta azul arrepia-me. É estranho sentir-me arrepiado por uma cor, mas não tenho de ser uma pessoa normal que não se arrepia com nada. Um tom tem força para destruir um osso. As pessoas não percebem. Ou melhor, algumas pessoas não percebem. Digo sempre isto. Vou escrever e pronto, não posso adiar mais. Porque acordo todos os dias com essa evidência e sei que se continuar a desprezá-la vou acabar por dar em doido. Não sou uma pessoa normal, mas também não sou doido. Às vezes as coisas não são só a preto e branco, mas não quero entrar por aí, porque tenho mesmo de escrever isto. Ainda não me sinto confortável. Não é nada fácil, é difícil. Acho que tenho de começar por algum lado, andar à volta da questão, aproximar-me aos poucos. Não posso simplesmente expôr a situação e pronto, já está. Não funciona assim. Não é que acredite que alguém um dia leia isto. Não escrevo para outras pessoas, escrevo só para mim. Só quero que um dia, quando voltar a ler, sinta que fui verdadeiro. Hoje em dia pode-se ser verdadeiro e não se achar verdadeiro. Sonho muito com isso, com construções e montagens. Pessoas que se montam com peças de várias categorias. Deus, qualidade, idade, estatura, estatuto. As peças nunca mais acabam. Os sonhos são estranhos. Porque será que sonhamos?
            Estou a empatar. Escrevi um parágrafo e não disse nada.
            Isto é mais difícil do que parece.
            Vou começar.
            Um dia (não interessa quando) estava na paragem de autocarro junto a Clerk Street. O céu tinha algumas nuvens mas fazia sol. Estava sentado na paragem a levar com sol na cara. Sentia-me quente. Abri o casaco. Vi as horas e não era tarde. Não queria que o autocarro chegasse porque estava bem ali, mas depois lembrei-me que tinha de ir ver o mar e que isso era uma decisão inflexível. Tenho uma teoria. Quando pensamos que uma coisa acontece torna-se muito mais difícil que esta aconteça. É uma teoria estúpida que congeminei quando tinha onze anos e não queria ter aulas. Pensava que as professoras tinham furado um pneu a caminho da escola, ou que a canalização ia rebentar e teríamos de evacuar a sala. Nunca aconteceu nada e então percebi que era inútil mudar o mundo. Já não sou assim, mas às vezes ainda penso da mesma maneira. Os truques são eternos. Estava sol e pensava para mim mesmo que o autocarro tinha ficado preso no trânsito ou que tinha havido um acidente nada grave mas terrivelmente chato na estrada, não permitindo a sua passagem. O autocarro apareceu. Sorri.
            Alguns truques são eternos e lá fui eu a caminho do mar.
            Junto a Leith comecei a pensar. Demorei a começar, ao contrário das outras vezes. Não me apetecia. Queria adormecer ou entreter-me com outra coisa. Pensar era a última coisa que me apetecia fazer. Mas vi um placar com um anúncio de barras de chocolate e lembrei-me da cara dela. Não interessa quem ela é. Eu sei, e é suficiente. Lembrei-me da cara dela com o mesmo chocolate na mão. É uma associação fácil. O chocolate é uma ligação fácil. E pensei para mim mesmo que queria estar com ela. E sentia isso. O pensamento não veio primeiro que o sentir, deu-lhe voz. E então a evidência veio pela primeira vez, de forma ainda tímida mas já presente.
            Eu queria estar com ela e não queria ir ao mar.
            Saí do autocarro e fui para a paragem do outro lado e voltei para Clerk Street e depois para casa. Todos os dias desde então tenho pelo menos um ataque de evidência. Não paro de sentir nem de pensar. Não voltei a estar com ela.
            Eu quero estar com ela.
            Não falei disto a ninguém. É algo demasiado novo. Antigamente era mais fácil, bastava uma acção e pronto, acontecia. Isto é estranho, porque fugiu à minha atenção. Sou capaz de me ter comportado de forma estranha à minha pessoa sem me ter dado conta. Se calhar sorri muito, apertei mãos com força, falei alto. Que mais posso ter feito? Ela pode ter percebido. Ela pode saber. Se calhar ela também me quer ver. Não sei. É difícil pensar por outra pessoa. Nunca fui bom nisso.
            A senhora Green disse-me hoje que me achava com boa cara, e perguntou-me se tinha voltado a comer. Disse-lhe que sim. Não me lembro de alguma vez lhe ter dito que tinha deixado de comer por uns dias.
            Às vezes essas coisas acontecem e eu não me lembro.
            Quero tanto estar com ela.
            O pior é que quando estive não tive noção do que significava. Acho que ela também não. Foi muito estranho. Talvez tenha sido que me fez ficar assim. Foi estranho, não normal. Ela nua aos meus olhos, e eu nu aos olhos dela. Peles, pêlos, cheiros. É estranho, só isso. É estranho como é que não pareceu embaraçoso. Nenhum de nós teve grande vergonha em estar ali, mas ao mesmo tempo nenhum de nós parecia bem ciente do que se estava a passar. Foi uma noite longa. Demasiado longa. Não me lembro da despedida. Não sei se fui eu que saí ou se foi ela. Acho que fui eu.
            Acho sinceramente que fui eu que saí dali.
            Ela está em casa da Marge. A Marge parece que ainda está em aulas.
            Tenho de ir ter com ela e perguntar-lhe.
            Quero estar com ela. Ela e não a Marge. Ela. Só.
            Não sei o que é que pode acontecer. É estranho. Uma boa estranheza.
            Isso, uma boa estranheza.
            Já me sinto melhor. Não mais confortável, só melhor. Não consigo explicar. Não vou tentar explicar. Devia fazer qualquer coisa. Ir a casa da Marge, sim. Bater à porta, três vezes, mínimo. Perguntar quem é ela. E se ela me abrir a porta? Não sei. Não sei se ela saberá. Mas acho que também não. Não sei se ela quer estar comigo mas eu quero estar com ela. Essa é a evidência. O resto não interessa.
            Vou ver um filme. E depois vou a casa da Marge.
            Tem de ser.

1 de março de 2011

Capa nº6


Por André Nave

Calendário de Março

Dia 1 (Terça)
– Declaração
– Calendário
– Capa por André Nave

Dia 2 (Quarta) – Crónica por Martinho Lucas Pires

Dia 3 (Quinta) – “Mascaro-me e vou por aí”:
1 - Por Joana Duarte
2 - Por André Nave
3 - Por Perrine
4 - Por Mariana Gama
Todas as Quintas-feiras do mês


Dia4 (Sexta) – Tripé-Coxo: lançamento da última edição da primeira temporada
Todas as Sextas-feiras do mês

Dia 6 (Domingo) – “Faça você mesmo” por Sérgio Coutinho
Todos os Domingos do mês

Dia 7 (Segunda) – Poema Carnavalesco por João da Ega

Dia 9 (Quarta) – Desenho por David Celorico

Dia 14 (Segunda) – Vídeo por Pedro Lucas

Dia 16 (Quarta) – Participação a definir por Jorge Baptista

Dia 21 (Segunda) – Crónica por Martinho

Dia 23 (Quarta) – “O meu pequeno barco” por Eusébio Carvalho

Dia 28 (Segunda) – Opinião por Rocha

Declaração de Março

Sempre a carregar.

Novas participações e brincadeiras para gostos diversos. Atenção: a David Celorico e a Jorge Baptista; ao regresso da ultima edição da primeira temporada do "Tripé-Coxo"; e à segunda edição de fotografias segundo um tema.

É um mês cheio e carnavalesco. Esperemos que apreciem.

Recreio para gente semi-adulta.