3 de agosto de 2011

Declaração de Agosto

Decidimos fechar o espaço com a promessa de abrir um novo que será apresentado aqui, numa futura declaração.

Andámos a brincar às crianças (com muito prazer) mas agora não há tempo para brincar.

A todos os colaboradores: os meus agradecimentos. Foi um prazer brincar entre vocês.

Por agora venha o trabalho. Só peço  tempo para uns caracóis e imperiais, e que todos tentem sempre uma brincadeira, um desenho, uma experiência criativa.

20 de junho de 2011

Declaração a meio de Junho

Aviso aviso aviso.

Estamos a ter muitos problemas para cumprir o calendário deste mês. Grande parte das produções ficam assim adiadas por tempo indeterminado.

Temos muitos colaboradores de castigo, sem direito a recreio.

Regressamos em breve.

10 de junho de 2011

Mensagem do Dia de Portugal e de Camões - por João da Ega


O dia de Camões
Ser também o de Portugal
Prova que as Epopeias e Ilusões,
Os Lirismos e as Canções
São uma marca nacional.
 
Mas há sempre Velhos do Restelo
(com todo o seu cuidado)
Que nos fazem o apelo:
- O sonho pode ser pesadelo
E a aventura dá mau resultado!
 
Proponho que, da próxima vez
Que ouvirem estes rezingões,
Ponham de lado a sensatez
E digam-lhes em bom português:
"Vão chatear o Camões!"

1 de junho de 2011

Calendário de Junho

Dia 1 (Quarta)
-Declaração
-Calendário
-Capa por David Celorico

Dia 8 (Quarta) – BD por Ricardo Esteves

Dia 9 (Quinta) – “Um espaço (in)habitável” por Joana Duarte

Dia 10 (Sexta)
– Casting para um show: “Boneco de papel à procura de um show”
– Verso por João da Ega

Dia 14 (Terça) – Ilustração por David Celorico

Dia 15 (Quarta) – BD por Ricardo Esteves

Dia 16 (Quinta) – “Um espaço (in)habitável” por Perrine

Dia 17 (Sexta) – Casting para um show: “Entrevistas ocultas”

Dia 22 (Quarta) – BD por Ricardo Esteves

Dia 23 (Quinta) – “Um espaço (in)habitável” por André Nave

Dia 24 (Sexta) – Casting para um show: “Ega-Maia”

Dia 25 (Sábado) – Verso por João da Ega

Dia 27 (Segunda) – Intervenção por Jorge Baptista

Dia 28 (Terça) – Vídeo por Lucas

Dia 29 (Quarta) – BD por Ricardo Esteves

Dia 30 (Quinta) – “Um espaço (in)habitável” por Mariana Gama

Declaração de Junho

Mês das Sardinhas e caracóis, mês popular. Abre-se com o dia da criança e vai-se fechando em Lisboa com as festas populares - um mês a saber mais a Recreio do que este não há.


Brinquemos. Mês rico em participações e tentativas de actividades novas como os "Castings". Estamos sempre a aprender...


Deixo agora um poema de Mário Sá Carneiro, intitulado: "O Recreio".


Na minha Alma há um balouço
Que está sempre a balouçar -
Balouço à beira de um poço,
Bem difícil de montar...

- E o menino de bibe
Sobre ele sempre a brincar...

Se a corda se parte um dia
(E já vai estando esgarçada),
Era uma vez a folia:
Morre a criança afogada...

- Cá por mim não mudo a corda
Seria grande estopada...

Se o indez morre, deixá-lo...
Mais vale morrer de bibe
Que de casaca... Deixá-lo
Balouçar-se enquanto vive...

- Muda a corda era fácil...
Tal ideia nunca tive...



31 de maio de 2011

Verso do dia da criança - por João da Ega


Jogando à apanhada,
A vida passa às corridas.
Dar uma boa risada,
Jogar à bola na estrada
E também às escondidas.

O pião da mocidade
Fica sempre na lembrança.
Brincadeiras de outra idade,
Que recordamos com saudade
Dos nossos tempos de criança.

Fazer o pino não é seguro
Para as pessoas mais velhotas,
Mas não pense que é imaturo
Jogar ao quarto escuro
E dar umas cambalhotas!

28 de maio de 2011

Intervenção nº 3: "Aitch point"








Tinta plástica sobre alcatrão.
Com 7metros de diâmetro está localizado na saída para Meleças da A16.


Por Jorge Baptista

24 de maio de 2011

IV - Poema curto: "4 vezes"

Sentaram-se ontem 4 heterónimos
do Pessoa a jogar às cartas na minha mesa.
Um ganhou.
Como se sentiu o ortónimo? Triste
porque não jogou, e como eu
ficou a assistir à derrota de não
jogar
ou não sentir. Os
amuadinhos dos sensíveis na tabuada dos sentimentos,
aberturas fáceis, variedades de iluminações,
um pescoço admirável de mulher,
todas as distâncias omnívoras.
Escrevi, escrevi, como quem baralha e
distribui cartas, talheres, desejos.
Beijei 4 vezes o papel onde escrevo,
acreditei que também o beijarias
4, 4, 4, 4 vezes.
Tudo aquilo que valia a pena pensar
perdia a importância, a mobilidade, o assombro.
Os meus lábios no papel, só isso basta.
Ler é exagerar, escrever é conter.
Há apenas 4 ilhas para povoar neste papel.


Por Sérgio Coutinho

17 de maio de 2011

III - Poema curto: "Entorna-se a tarde"

Entorna-se a tarde
nos ombros daquele vulto.
Os seus contornos misturam-se com
os do riacho nocturno,
e o cigarro na ponta compete com outro
candeeiro -
habituado a ser fumado por olhos maiores.
O ser
expõe-se como habitando o fundo de um
copo cheio, abandonado,
que o dia virá beber amanhã -
talvez - novamente sem sede,
salpicando vagas sombras
na toalha da cidade.


Por Sérgio Coutinho
Maio 2011

13 de maio de 2011

Verso do 13 de Maio‏ - por João da Ega


Andando a Virgem Maria
Lá pela eterna imensidão
Decidiu um belo dia
Ir à Cova da Iria
Fazer uma Aparição!

Maria, sendo Senhora,
Gosta de bons enredos
E, cansada de ser espectadora,
Teve uma ânsia faladora
Para revelar os 3 segredos.

Se até a Nossa Senhora,
Teve essa irreverência,
Não seja tão conservadora.
Sem ser devassadora
Faça uma inconfidência!

10 de maio de 2011

II - Poema curto: "O poema que durou 3 anos a acabar"

Dormem os contornos dos dias
em que nada fiz.
Em que deixei o tempo medir-me
e não o contrário.
Em que a ternura lenta dos teus lábios
e do fluir da luz, vestiam a minha pele
com uma segunda pele,
fenomenal, caseira, leitosa, entre os lençóis da
manhã a dois.

Nada fiz nesses dias de preparação,
nas vésperas do inevitável bulício
da amargura.
Nesses dias não se operava,
adoecia-se de propósito. E ficava-se rubro
pela noite fora,
oferecendo a alma como cesto de um pomar.
Simplesmente isso.
Hoje já não há maçãs. Comem-se os caroços.


Por Sérgio Coutinho
Abril 2011

3 de maio de 2011

I - Poema curto: "Cervejaria vazia" por Sérgio Coutinho

O vidro castanho
da cerveja
é como um plátano subnutrido que brota
da mesa - esse horizonte
que parte dos meus cotovelos
faróis de um abraço que não chega -
as docas do meu corpo
a bom porto entregam
as flores que os meus dentes
secaram num outro jantar viúvo.

Abril 2011

1 de maio de 2011

Verso do trabalhador - por João da Ega


Mais um 1º de Maio
E eu lá no comício.
Não aplaudo, nem vaio,
Eu nem ouço o papagaio
Que faz do protesto ofício.
 
E o discurso ensaiado
Lá dá voz ao manifesto.
Eu acho um dia engraçado!
É o único feriado
Que festejamos em protesto!
 
Há um movimento em que eu alinho
Neste dia do Trabalhador:
O Sindicato do Beijinhos:
Manifestações só de carinho
E greve de rancor!

Capa nº8

Por Pedro Calhau

Calendário de Maio

Dia 1 (Domingo)
– Declaração
– Calendário
– Capa por Pedro Calhau
– Verso por João da Ega

Dia 3 (Terça) – Poema curto por Sérgio Coutinho
Todas as Terças-feiras do mês

Dia 4 (Quarta) – BD por Ricardo Esteves
Todas as Quartas-feiras do mês

Dia 7 (Quinta) – “Entre o sagrado, entre o profano”:
1 - Por Joana Duarte
2 - Por Perrine
3 - Por André Nave
4 - Por Mariana Gama
Todas as Quintas-feiras do mês

Dia 9 (Segunda) – Colagem por Pedro Calhau

Dia 13 (Sexta)
– Ilustração por David Celorico
– Verso por João da Ega

Dia 16 (Segunda) – Colagem por Pedro Calhau

Dia 23 (Segunda) – Esboço para desenho por Sérgio

Dia 26 (Quinta)
– Intervenção por Jorge Baptista

Dia 27 (Sexta) – Desenho por Sérgio

Dia 28 (Sábado) – Vídeo por Lucas

Dia 29 (Domingo) – Ilustração por David Celorico

Dia 30 (Segunda) – Opinião por Miguel Rocha

Dia 31 (Terça) – Verso por João da Ega

Declaração de Maio

Já desisti de fazer declarações inteligentes. E porque farei? É "recreio" não há aqui grandes discursos ou teorias. 
Brincar aos índios e aos cowboys e pumbas já está.
Então para que é que insisto com estas declarações? Não sei, há que fingir um certo comportamento equilibrado que possa sustentar o resto. Que se lixe, não sei dar tanga. Uma grande declaração esta, sim senhor, uma enorme declaração clap clap clap clap obrigado obrigado, flores, bis, champanhe.


Continuamos a brincar da melhor forma possível e a tentar inventar jogos novos. Mais um mês em cheio com óptimas participações. Não vou assinalar nada em especial, mas tudo em particular. É a continuidade dos projectos que pode trazer alguma face adulta nestas participações tetraédricas.

Ainda assim, que se lixe tudo, o que realmente interessa é a experiência, a brincadeira, o sair do sofá.

A campanha eleitoral

   Recentemente o Primeiro Ministro apareceu em direto nos principais telejornais do país minutos antes de oficializar o pedido de ajuda financeira de que tanto se fala. Nessa falsa partida vimos o PM a preparar-se para falar ao país tentado perceber em que ângulo ficava melhor nas câmaras, facto que causou a indignação de muitos e motivou piadas durante semanas. Não percebo porquê. Apesar de ter achado curioso ver aquele momento ‘behind the scenes’ do nosso PM achei a coisa mais normal do mundo ele tentar perceber como fica melhor ‘na fotografia’. Só por ingenuidade ou demagogia podemos pensar que qualquer imagem, vídeo, discurso ou panfleto político não são trabalhados ao milímetro para nos transmitir determinada sensação sobre o candidato ou partido em causa.
   Da mesma forma que no tempo de D. Afonso Henriques as lideranças políticas se conquistavam literalmente na base da pancadaria ou durante o século XIX na base do poder da oratória, hoje em dia a liderança política conquista-se através dos dotes telegénicos e de como a imagem dos políticos é trabalhada e difundida através dos meios de comunicação. É algo que já se faz pelo menos desde a Alemanha Nazi, ou seja há pelo menos 70/80 anos.
 Sabendo que Sócrates trabalha, desde as últimas legislativas, com a equipa que tratou da imagem do Presidente Obama não podemos pensar que num direto ao país o modo como o PM se apresenta não é cuidadosamente pensado. Não me espanta, aliás, que nessa comunicação Sócrates tenha falado olhando diretamente para a câmara, através do teleponto. Essa posição está de acordo com a imagem que tem querido passar do grande líder, salvador da pátria que encara os momentos difíceis de frente. Toda a narrativa de Sócrates, desde há uns meses, tem-se centrado na sua pessoa. Cada vez menos se ouve sair da sua boca a palavra ‘nós’ e cada vez mais a palavra ‘eu’. Cada vez mais vemos imagens de Sócrates no meio de uma multidão que o segue enquanto estadista, que através da sua determinação vai tirar Portugal da crise. Se ganhar as eleições, cumprir mais 4 anos como PM e durante esses 4 anos sairmos desta embrulhada em que estamos temos aí um ditadorzinho em potencial.
   Passos Coelho parece ter um aparelho menos profissional a trabalhar a sua imagem. Ou se calhar é isso que nos quer vender. Depois do falhanço que foi a integração de Fernando Nobre nas listas do PSD (será talvez cedo para considerar um falhanço…) o candidato a PM tentou reaproximar-se do eleitorado mais conservador com uma mensagem de Páscoa em que utiliza a sua mulher (coisa rara na nossa política) para transmitir a ideia de um homem de família que tem outras prioridades na vida que não a vertigem do poder, por oposição ao obcecado e isolado Sócrates. Para mim fez mal, está a definir demasiado a sua imagem em função do adversário. Se estivesse no lugar do PSD apostava em assumir Passos como a figura central da campanha, impondo a sua personalidade e transmitindo a ideia do homem que faz e acontece. Em vez da mensagem de Páscoa do homem de família, conservador, em casa, fazia lembrar as pessoas que este homem já teve uma vida amorosa com uma das Doce e que apesar de ser de direita tem uma mulher mestiça, ou seja uma imagem mais ‘popstar’ e populista do homem.
   O que vai ficando por falar nesta campanha de personalidades é o conteúdo dos programas de cada partido, mas isso infelizmente já vai sendo um hábito.
   Vem aí um mês de debates, vamos ver no que vai dar…


Por Miguel Rocha

29 de abril de 2011

O Show dos bonecos de papel - preparação






São os primeiros estudos para os dois bonecos que vão ser utilizados no show.

Ainda falta a pintura e outros detalhes.

Esperemos avançar em breve com este projecto novo.

Iremos avançar com 3 Shows diferentes que jogam com o som e a imagem (este dos bonecos de papel é um deles). Esperemos que estejam prontos em Junho e possamos lançar um show por semana.


Por Sérgio Coutinho

25 de abril de 2011

Mensagem 25 de Abril - por João da Ega

Histórica revolução
Para este povo bravo
Que à violência disse não,
Pois mais forte que o canhão,
Só a força de um cravo.

Chegou assim ao final
O já velho Estado Novo.
Houve revolta nacional
E cantou-se em Portugal:
Quem mais ordena é o povo!

Ficou assim este dia
Na memória que perdura.
Restaurou-se a Democracia
E afirmamos com alegria
Que até hoje a dita dura!

23 de abril de 2011

Mensagem da Páscoa - por João da Ega

Para termos consciência

Do sofrimento de Jesus,
Pedem-nos grande violência,
Pois que a abstinência
É a mais pesada cruz.

Mas eu tenho outra mensagem
Face à ressurreição:
Façamos-lhe homenagem,
Agindo à sua imagem
E segundo esta lição:

Se, depois de morto, o Senhor,
O trouxe de volta à vida,
Isso prova com rigor,
Que com vontade e amor,
Se dão duas de seguida!

21 de abril de 2011

Recreio Inédito: Peça 4 - Conversa entre o espírito e o corpo


Peça escrita por Sérgio Coutinho. Interpretada por Sérgio e João da Ega.

A:
Não governo o terror – é anarquia.
Nada me pertence – sou fantasma branco.
Tanto que eu queria
Uma boquinha vermelha, um descanso.

B:
Eu vou ao café
Persisto na inteligência de uma pose estudada.
Eu vou ao bar
E faço pose para um estudo da inteligência.
Bebo três copos de conhaque:
Podia ser uma planta,
Em vez de raízes teria calças e sapatos,
E colado às mobílias, sonharia nos violetas e carmins dos troncos das árvores,
Ou nas direcções dos vestidos transparentes da chuva.

A:
Tu nunca conseguiste ficar muito tempo em casa.

B:
Tu nunca conseguiste ficar muito tempo no corpo.

A:
É insuportável acordar contigo. Ouvir-te repetir essa lengalenga insensível:
“Desejo acordar vazio de mim,
Vazio de coisas e apegos,
Não acordar em tumultuosos sossegos,
Por ser demo e querubim.”
És uma merda. Juro.
Não imaginas a minha paciência.
Porque é que foste comer um gelado em vez de religião?
Esqueceste-te?
Se não comeres até acabarem o prazo, não há mais gelado!

B:
Calma.
Vamos sossegar um pouco,
Travar o teu alcance
Verruga.
Finges que eu sou comediante, despretensioso, com falhas na representação.
Olha primeiro para ti.
És um espírito, mas muito pobre de espírito.
As tuas palavras parecem rastas
E nem és pedaço terra.
Tem mas é juízo e ficas a saber que não te autorizo a comparecer nas minhas conquistas –
Só porque tens falta de imaginação.
Os pensamentos são meus e as liberdades são gargalhadas.
As minhas gargalhadas.

A:
Tu não és nada se eu não te convidar.

B:
Escrevo para me separar de ti.
Escrevo para pedir amizade às coisas.

A:
És um maricas.

B:
E tu não te podes conjugar com o verbo ser.
Não és primo de ninguém,
Não tens cor favorita.

A:
Porque é que voltaste para o bar?

B:
Peço um café. Desejava uma cerveja.
A minha roupa ainda está empestada pelos cigarros dos bares matinais.
Mas abro um botão da camisa e escolho a casa da Maria.

A:
Mentiroso.

B:
Maria junto à porta cruza os braços, e eu sigo os gestos do meu catálogo.
Creio que me desculpas os cansaços, os lábios de tinto, o betão dos passos
Ou das lágrimas…
Penduras nos meus caracóis enfeites de natal, alisas a minha barba,
Como as palhinhas para o menino na nossa mansarda.
E depois guardas-me na tua mala-mulher,
Nos teus dedos, nas covinhas dos teus ombros
Levas-me. Lavas-me. Levas-me. Love-as-me.
Maria, junta-me, afasta-me dos assombros.

A:
Porque além de mentiroso és foleiro.

B:
Cala-te.

A:
Eu estava lá – não foi nada assim.
Não voltaste para casa, ficaste sozinho no bar.
Sob o teu ninho de feridas – esse corpo.
E pela tua boca – onde o bocal da cerveja dispunha o seu anzol.
Juraste ter ouvido os pés da mesa a queixarem-se sobre a tua mudança de perspectiva.
Estavas de pé atrás quanto a ficar mais um pouco.
Vou para casa – repetias.

B:
Vou para casa.

A:
Mas não ias.
Ao pé da garrafa cheia, num punhado de beijos por dar,
E já metendo os pés pelas mãos,
Atiraste-te àquela que seria a última…

B:
Prometo: a última cerveja da noite.

A:
Adiando para amanha o resto do pedido de casamento entre os pés da mesa e os teus pés.

B:
Prometo, queridas.

A:
Os teus pés – os das tuas pernas – não acreditando na autoridade do “eu”,
Que já lhes prometera os pés da Maria,
Puseram de pé uma revolta.
Recusaram-se então a voltar para os pés da cama,
E do pé para a mão,
Estatelaram-se redondos à saída,
Voláteis como sonhos contrafeitos.

B:
Foi assim?

A:
Assim foi… Sem te opores, pé ante pé,
Adormeceste semi-estatelado sem porvir,
Na calçada que sem encalços enfria.
E os teus pés descalços a curtir,
Esperavam sós, os da Maria.

"As cores de" 4 pórticos


Por André Nave

As Crónicas do Romance do Ensaio da Épica Novela da Busca do Grafite! 3


Por Ricardo Esteves