29 de abril de 2011

O Show dos bonecos de papel - preparação






São os primeiros estudos para os dois bonecos que vão ser utilizados no show.

Ainda falta a pintura e outros detalhes.

Esperemos avançar em breve com este projecto novo.

Iremos avançar com 3 Shows diferentes que jogam com o som e a imagem (este dos bonecos de papel é um deles). Esperemos que estejam prontos em Junho e possamos lançar um show por semana.


Por Sérgio Coutinho

25 de abril de 2011

Mensagem 25 de Abril - por João da Ega

Histórica revolução
Para este povo bravo
Que à violência disse não,
Pois mais forte que o canhão,
Só a força de um cravo.

Chegou assim ao final
O já velho Estado Novo.
Houve revolta nacional
E cantou-se em Portugal:
Quem mais ordena é o povo!

Ficou assim este dia
Na memória que perdura.
Restaurou-se a Democracia
E afirmamos com alegria
Que até hoje a dita dura!

23 de abril de 2011

Mensagem da Páscoa - por João da Ega

Para termos consciência

Do sofrimento de Jesus,
Pedem-nos grande violência,
Pois que a abstinência
É a mais pesada cruz.

Mas eu tenho outra mensagem
Face à ressurreição:
Façamos-lhe homenagem,
Agindo à sua imagem
E segundo esta lição:

Se, depois de morto, o Senhor,
O trouxe de volta à vida,
Isso prova com rigor,
Que com vontade e amor,
Se dão duas de seguida!

21 de abril de 2011

Recreio Inédito: Peça 4 - Conversa entre o espírito e o corpo


Peça escrita por Sérgio Coutinho. Interpretada por Sérgio e João da Ega.

A:
Não governo o terror – é anarquia.
Nada me pertence – sou fantasma branco.
Tanto que eu queria
Uma boquinha vermelha, um descanso.

B:
Eu vou ao café
Persisto na inteligência de uma pose estudada.
Eu vou ao bar
E faço pose para um estudo da inteligência.
Bebo três copos de conhaque:
Podia ser uma planta,
Em vez de raízes teria calças e sapatos,
E colado às mobílias, sonharia nos violetas e carmins dos troncos das árvores,
Ou nas direcções dos vestidos transparentes da chuva.

A:
Tu nunca conseguiste ficar muito tempo em casa.

B:
Tu nunca conseguiste ficar muito tempo no corpo.

A:
É insuportável acordar contigo. Ouvir-te repetir essa lengalenga insensível:
“Desejo acordar vazio de mim,
Vazio de coisas e apegos,
Não acordar em tumultuosos sossegos,
Por ser demo e querubim.”
És uma merda. Juro.
Não imaginas a minha paciência.
Porque é que foste comer um gelado em vez de religião?
Esqueceste-te?
Se não comeres até acabarem o prazo, não há mais gelado!

B:
Calma.
Vamos sossegar um pouco,
Travar o teu alcance
Verruga.
Finges que eu sou comediante, despretensioso, com falhas na representação.
Olha primeiro para ti.
És um espírito, mas muito pobre de espírito.
As tuas palavras parecem rastas
E nem és pedaço terra.
Tem mas é juízo e ficas a saber que não te autorizo a comparecer nas minhas conquistas –
Só porque tens falta de imaginação.
Os pensamentos são meus e as liberdades são gargalhadas.
As minhas gargalhadas.

A:
Tu não és nada se eu não te convidar.

B:
Escrevo para me separar de ti.
Escrevo para pedir amizade às coisas.

A:
És um maricas.

B:
E tu não te podes conjugar com o verbo ser.
Não és primo de ninguém,
Não tens cor favorita.

A:
Porque é que voltaste para o bar?

B:
Peço um café. Desejava uma cerveja.
A minha roupa ainda está empestada pelos cigarros dos bares matinais.
Mas abro um botão da camisa e escolho a casa da Maria.

A:
Mentiroso.

B:
Maria junto à porta cruza os braços, e eu sigo os gestos do meu catálogo.
Creio que me desculpas os cansaços, os lábios de tinto, o betão dos passos
Ou das lágrimas…
Penduras nos meus caracóis enfeites de natal, alisas a minha barba,
Como as palhinhas para o menino na nossa mansarda.
E depois guardas-me na tua mala-mulher,
Nos teus dedos, nas covinhas dos teus ombros
Levas-me. Lavas-me. Levas-me. Love-as-me.
Maria, junta-me, afasta-me dos assombros.

A:
Porque além de mentiroso és foleiro.

B:
Cala-te.

A:
Eu estava lá – não foi nada assim.
Não voltaste para casa, ficaste sozinho no bar.
Sob o teu ninho de feridas – esse corpo.
E pela tua boca – onde o bocal da cerveja dispunha o seu anzol.
Juraste ter ouvido os pés da mesa a queixarem-se sobre a tua mudança de perspectiva.
Estavas de pé atrás quanto a ficar mais um pouco.
Vou para casa – repetias.

B:
Vou para casa.

A:
Mas não ias.
Ao pé da garrafa cheia, num punhado de beijos por dar,
E já metendo os pés pelas mãos,
Atiraste-te àquela que seria a última…

B:
Prometo: a última cerveja da noite.

A:
Adiando para amanha o resto do pedido de casamento entre os pés da mesa e os teus pés.

B:
Prometo, queridas.

A:
Os teus pés – os das tuas pernas – não acreditando na autoridade do “eu”,
Que já lhes prometera os pés da Maria,
Puseram de pé uma revolta.
Recusaram-se então a voltar para os pés da cama,
E do pé para a mão,
Estatelaram-se redondos à saída,
Voláteis como sonhos contrafeitos.

B:
Foi assim?

A:
Assim foi… Sem te opores, pé ante pé,
Adormeceste semi-estatelado sem porvir,
Na calçada que sem encalços enfria.
E os teus pés descalços a curtir,
Esperavam sós, os da Maria.

"As cores de" 4 pórticos


Por André Nave

As Crónicas do Romance do Ensaio da Épica Novela da Busca do Grafite! 3


Por Ricardo Esteves

19 de abril de 2011

Tivesse

Tivesse Mário de Sá Carneiro
Facebook ou coisa computacional
Não deixaria de pagar tão cedo
A conta da luz.

E com a internet
Não teriam os poetas 5 dedos mas 7
No cinzeiro da pesquisa vocabular.
Mais
Além, o sentimento ficaria
Na rede social como peixe (nova sardinha)
Ou simplesmente a navegar (novo pão)
A medo, a lado, ortogonal, no feixe da ocasião
De um download.

Fernando Pessoa seria uma aplicação,
Ou jogo de cartas: copas ou solitário
(como se fosse fácil escolher entre o coração
Ou ficar a imaginar no armário).
Luís de Camões em diferente errância
Não escreveria os Lusíadas,
Mas as Olimpíadas
De amar à mesma distância
Virtual – como tudo acabado em “ing”.
Portugal seria “Portugaling”.
A saudade seria “streaming”.
E o Fado –
Computador para arranjo.



Abril 2011
Sérgio Coutinho

12 de abril de 2011

Segunda-feira - por Sérgio

Acordo.
Sinto-me uma folha dobrada no canto
De um livro.
O livro é segunda-feira.
No jornal leio sobre o
Naufrágio,
Ou seja, sobre a bebedeira que apanhei ontem à noite.
Um morto, um sobrevivente, um ferido, uma
Grande dor de cabeça, e as buscas continuam.
Com uma compaixão miserável desejo boa sorte.
No bolso de trás, um papel,
Colado ainda à cara babada.
Será bilhete de amor?
Não.
Apenas conta de bar. Uma
Grande conta de bar: uma bárbara. Dessas
Bipolares, babadas por mim – (dormiu
Comigo) – eu causo essa boa impressão
A uma conta de bar:
Números e mais números
E mais números lindamente impressos.
Bebidas, ou numerosas bebidas, ou bebidas numeradas,
Tinta para as veias:
Matemática subcutânea
Com um hálito tremendo.
Que pouca correcção! Mas somar ela
Sabe, ainda se fosse como eu:
A soma subtrai-me, multiplicando-me,
E todas as receitas dividem-se quanto à instituição de apoio,
A maior parte reverte a favor
Da exclusão poética.

Ah! Maldito pescoço: ponte
Entre dois mundos – foste guilhotinado
Ontem, cortaram-te a língua não foi?
E por isso hoje vingas-te
Imitando girafa,
Trampolim da minha dor de cabeça,
Que se cola às paredes frias.

O café consegue apagar as manchas do
Jornal – ainda chove, vai chover todo o dia.
O telemóvel tatuou os nomes de quem
Liguei,
Ligou-os aos braços e às pernas:
Ligaduras do saldo negativo.
Nomes estranhos,
Nomes novos.
Duas chamadas
Esta manhã não atendidas:
Uma dela
E mais uma
Da santa da minha mãe.

Santo saldo positivo.


Abril 2011
Sérgio Coutinho

4 de abril de 2011

Livros de poesia - Sérgio Coutinho

Gostava de voltar ao tempo em que comprava
Livros de poesia
Para conhecer poetas novos,
E palavras novas,
Formas de sentir, de falar, de ler, de escrever
E sentir como aqueles que compram livros de
Poesia.
Em vez de comerem asas de andorinha com
Manteiga,
Ou bife rosa
De pernas queixosas mas tenrinhas,
Em que se tira facilmente a gordura do
Vestido.

Queria voltar.
Queria voltar ao tempo em que deixei
De comprar livros de poesia
E comecei
A sentir, a falar, a ler, e a escrever
O sentimento daqueles que compram livros
De culinária
(e livros de poesia).
E depois voltar ao tempo em que deixei de fazer tudo isso.
Voltar a ser todos nós. Voltar a dar voltas até ficar tonto.
Voltar até a engasgar-me com as perninhas. E não voltar mais.

Fartei-me de ler. Fartei-me senhor doutor, não volto mais.
Já não posso escrever entre refeições,
Porque são os intervalos das outras refeições,
Que servem apenas para sentir fome outra vez.
Quero voltar aos tempos dos enigmas:
Chove, e chove no cartaz mal iluminado
Pela minha saudade,
O cartaz diz:
Amanhã será o dia!

E o agora? O agora…
Merda, o agora
Que não volta mais.
O agora que não tem cu, nem fronha,
O agora que fala ao mesmo tempo que cala
E não volta naquele tom ou boca,
Porque é a introdução aos desejos das voltas.
O agora como um pedestal de um carrossel,
Ou a inauguração de uma rotunda.
O agora do avesso e do arremesso.
O agora – para ir ter contigo agora,
Para estar comigo até depois,
Traindo o quando te disse que não
Voltava mais.
E depois dizer: e agora?
Como quem
Deseja voltar ao tempo em que
Comprava
Livros de poesia.


Por Sérgio – Março 2011

1 de abril de 2011

Calendário de Abril

Dia 1 (Sexta)
– Declaração
– Calendário
– Capa por André Alves

Dia 4 (Segunda) – Poema por Sérgio Coutinho

Dia 5 (Terça) – Ilustração por David Celorico

Dia 6 (Quarta) – BD por Ricardo Esteves
Todas as Quartas-feiras do mês

Dia 7 (Quinta) – “As cores de …”:
1 - Por Joana Duarte
2 - Por Perrine
3 - Por André Nave
4 - Por Mariana Gama
Todas as Quintas-feiras do mês

Dia 11 (Segunda) – Colagem por Pedro Calhau

Dia 12 (Terça) – Poema por Sérgio Coutinho

Dia 15 (Sexta) – Crónica por Martinho Lucas Pires

Dia 18 (Segunda) – Ilustração por David Celorico

Dia 19 (Terça) – Poema por Sérgio

Dia 22 (Sexta) – Peça 4 por Sérgio, interpretado por Sérgio e João da Ega

Dia 23 (Sábado) – Verso da Pascoa por João da Ega

Dia 24 (Domingo) – Vídeo por Pedro Lucas

Dia 25 (Segunda) – Verso da Revolução por João da Ega

Dia 26 (Terça) – Intervenção por Jorge Baptista

Dia 29 (Sexta) – Show dos Bonecos de papel por Sérgio e André Alves

Dia 30 (Sábado) – Opinião por Miguel Rocha

Declaração de Abril

Gostava que saísse um texto diferente dos outros.


Mas para já está a fazer loading...


Atenção para as participações do Esteves e do Calhau.