19 de abril de 2011

Tivesse

Tivesse Mário de Sá Carneiro
Facebook ou coisa computacional
Não deixaria de pagar tão cedo
A conta da luz.

E com a internet
Não teriam os poetas 5 dedos mas 7
No cinzeiro da pesquisa vocabular.
Mais
Além, o sentimento ficaria
Na rede social como peixe (nova sardinha)
Ou simplesmente a navegar (novo pão)
A medo, a lado, ortogonal, no feixe da ocasião
De um download.

Fernando Pessoa seria uma aplicação,
Ou jogo de cartas: copas ou solitário
(como se fosse fácil escolher entre o coração
Ou ficar a imaginar no armário).
Luís de Camões em diferente errância
Não escreveria os Lusíadas,
Mas as Olimpíadas
De amar à mesma distância
Virtual – como tudo acabado em “ing”.
Portugal seria “Portugaling”.
A saudade seria “streaming”.
E o Fado –
Computador para arranjo.



Abril 2011
Sérgio Coutinho

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