Dormem os contornos dos dias
em que nada fiz.
Em que deixei o tempo medir-me
e não o contrário.
Em que a ternura lenta dos teus lábios
e do fluir da luz, vestiam a minha pele
com uma segunda pele,
fenomenal, caseira, leitosa, entre os lençóis da
manhã a dois.
Nada fiz nesses dias de preparação,
nas vésperas do inevitável bulício
da amargura.
Nesses dias não se operava,
adoecia-se de propósito. E ficava-se rubro
pela noite fora,
oferecendo a alma como cesto de um pomar.
Simplesmente isso.
Hoje já não há maçãs. Comem-se os caroços.
Por Sérgio Coutinho
Abril 2011
Abril 2011
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