21 de novembro de 2010

Sobre os números – por Sérgio Coutinho

1 – É o primeiro número, por isso é perfeito, inventou a linha recta;

2 – O segundo ser criado, na Bíblia seria a mulher. Impõe a curva. É um número audaz, não se limita a repetir como o “dois” da numeração romana. O segundo número impõe a sua identidade;

3 – Apesar de repetir a curva, utiliza o conceito do número “dois”, ou seja, repete duas curvas. Não se limita à improvisação na forma, é talvez o primeiro pensador;

4 – É um saudosista, volta è rectidão. Não é um ser extraordinário. Possui três traços, por isso preocupa-se também com a definição do número que o antecede, porém, não oferece nada de novo;

5 – Mistura a curva coma a recta. Mais audaz e corajoso que o quatro, embora se verifique a tendência para a ordem;

6 – Talvez seja o último dos grandes números. Descobre a curva no sentido contrário e propõe a união das duas curvas: o círculo;

7 – Há uma certa revolta neste número. Também uma certa resignação. É um número recto. Um traço com um corte ao meio. É o primeiro declínio.

8 – É o exagero, a excentricidade, a loucura.

9 – Creio que o “nove” volta muito à ideia do um, juntando-lhe aquele círculo que tornou o “seis” famoso. É uma tentativa conseguida, talvez. É um número ético, um tanto austero, embora as más-línguas digam que procriou com as letras (um horror).

0 – É o círculo, o número divino – não existe. É anterior à criação. Assim sendo, o círculo nos outros números aponta para uma busca pelo divino. Neste sentido, o “seis” é o primeiro a proclamar a existência do metafísico. O sete é o primeiro ateu. O “oito” é o número barroco, um sacerdote, um papa, ou um defensor do politeísmo. O “nove” retira o círculo do solo, eleva-o, é um profeta, ou um sedutor.

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